Como arquiteta de formação, há na sua pintura uma constante influência e ligação à arquitetura, tanto na composição como nos temas que transportam. Está sempre ligada com o mundo real, e tem como ponto de referência algo que viu ou experimentou, influenciados por registos fotográficos, memórias pessoais ou imagens retidas, que culminam na invenção de elementos imaginários e jogos de perspetivas.
A realização da sua abstração nasce de um processo racional de formalização, partindo de um modelo real que depois é decomposto em formas geometrizantes, podendo-se atribuir a designação de “abstratizante”. Por norma, os temas recaem em tudo aquilo que contenha a norma da construção, da estrutura, da perspectiva, sendo por isso objecto de estudo o planeamento de cidades imaginárias, portos marítimos e a proliferação de embarcações que pretendo dissecar, reinventando. Do mesmo modo lhe fascinam as grandes estruturas naturais, como montanhas e outras formações rochosas, elas também munidas das suas leis arquitectónicas e da matéria que parece tão próxima da própria substância da pintura.
Recorrendo à técnica da espátula procura assim pesquisar e recriar a multiplicidade das texturas que habitam o meu imaginário, com recurso a elementos de luz e sombra, onde a intensidade cromática pretende transmitir sentimentos vibrantes com predominância de tons de azul e ocre, resultando em ambientes nostálgicos que parecem querer aprisionar memórias de lugares, de histórias.
O processo é um caminho lento onde o desenho é essencial, feito de constantes alterações, experimentando relações entre linhas e planos que se transformam na base estrutural da sua obra, e que depois se libertam e dão lugar à emoção e criatividade.