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"Com a PINTURA de ANA FERREIRA"

 

Ao aceitar o convite para expor na Galeria do ACMP, a pintora ANA FERREIRA propõe-nos mostrar alguns dos seus mais recentes trabalhos, parte de uma produção que não sendo numerosa, mantem o seu cuidado processo criativo. Nestes projetos temáticos de inspiração urbana e na paisagem, ressalta uma narrativa compositiva com um geometrismo quase residual, pictoricamente tecida pelas espatuladas precisas da artista, num continuum de agradáveis cromatismos e tonalidades que atraem cumplicidades para a sua linguagem estética. Um conjunto de desenhos a tinta-da-china completam esta forte presença expositiva, a visitar na galeria ESPAÇOdARTES do ACMP em Lisboa.

                                                                          

Pedro Migueis

(médico / pintor )

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"Um regalo para o espírito e para o olhar “

 

Deambulando pelas telas que compõem esta nova exposição de Ana Ferreira títula de "A Cidade e as Serras", apercebo-me da potencialidade do seu trabalho, do rigor do seu saber pictórico. Trabalha com os difíceis brancos, ocres e azuis com a sabedoria que só alguns conseguem. Um trabalho amadurecido, feito de esperiências e rigor. Percebe-se  que nada é por acaso. Tudo deixa transparecer a sua forte ligação à sua cidade, Lisboa, e às paisagens portuguesas. Neste campo encontram-se criações como as pedreiras, obras que me impressionaram pela novidade do tema nas artes visuais. São imensas cavidades trabalhadas geometicamente, cheias de luz e reflexos, onde os brancos voltam a assumir um esplendoroso efeito de "atracção pelo abismo".

Neste aspecto, uma outra obra impressiona (Apocalipse): trata-se do terramoto de 1755, um quadro absolutamente extraordinário!

Percorrendo com o olhar as outras telas que estão expostas, vejo ainda quadros que mostram paisagens que abarcam vastas áreas geográficas e que se destacam pela estrutura plástica muito bem concebida.

Com uma produção contida, a autora contempla ainda lugares emblemáticos de Lisboa. Aqui aplica a técnica do "vidro partido" sobre uma imagem. Isto é, tudo se desenvolve por planos geométricos que divergem de um ponto fixo. Este efeito é comum em vários artistas, mas aqui , Ana Ferreira capta uma geometria que nos remete para um mundo mágico e caleidoscópio. Há uma tendência para um padrão nesta linguagem plástica onde ainda se vêem oa azulejos da nossa tradição e que merecem um olhar atento neste conjunto de obras.

A arte tem destas subtilezas e complexidades com que os verdadeiros artistas nos presenteiam para regalo do espírito e do olhar.

Pedro Freire

(Crítico de arte / Ex-galerista)

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ANA FERREIRA“… Uma retratista que se redescobre na paisagem … “

 

Há que conhecer a primeira fase da sua já bem produtiva carreira, onde o retrato pontuou, com uma qualidade de composição, rigor de captação formal e domínio das várias técnicas, sanguínea, sépia, grafite e carvão e onde os sombreados quase tridimensionais, potenciam o realismo criativo, tanto do seu agrado.                                  

Artista de vincada personalidade, fruidora da tranquilidade do seu atelier utiliza uma paleta onde, a partir dos predominantes azuis, castanhos e amarelos, se juntam aos persistentes brancos na preparação de suaves matizados tanto ao gosto dos primeiros mestres impressionistas. Foram talvez estes, os inspiradores da sua decisão para seguir novos impulsos deixando voar o imaginário, transportando-se para o “mundo exterior” ao encontro da natureza, do homem e das suas pegadas civilizacionais, enfrentando os conflitos dos volumes, do emaranhado das perspetivas e do entrecruzamento dos planos. Esta amalgama de elementos de composição tão do seu agrado e com os quais se familiarizou durante a sua formação como arquiteta, constitui actualmente um dos fios condutores da sua motivação criadora.

É com agradável surpresa, que acompanhamos esta etapa recente de ANA FERREIRA e o seu promissor trajeto estético-criativo, no qual não renegando «os créditos artísticos, nos apresenta uma nova linguagem de cunho paisagista, onde o cuidado estético é servido por precisas espatuladas  estruturantes deste seu geometrismo pictórico.   

A sua capacidade de observação, associado a uma filigranica técnica gestual, a semelhança de qualquer exigente scketcher, complementam os ingredientes desta artista plástica, que vai dando cartas no fluorescente mundo das Artes em Portugal.

Pedro Migueis

(médico / pintor )

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